As cooperativas de crédito, como uma alternativa de cunho social, buscam desenvolver um equilíbrio entre o seu desempenho financeiro e o social, uma vez que as sobras (denominação para o lucro nestas instituições), isto é, a rentabilidade gerada pelos serviços e produtos financeiros, retornam aos seus cooperados, denotando uma relação mútua e cíclica neste modelo organizacional. Apesar disso, estas entidades tendem a uma gestão que visa à maximização de valor, ao crescimento e à manutenção de sua posição de mercado, embora tal maximização de rentabilidade não assegure a sobrevivência no mercado (CARVALHO et al., 2015). A possibilidade de aumento do valor das firmas e da maximização da função de utilidade dos gestores através de decisões sobre investimentos ou de escolhas financeiras que afetem os ganhos e suas interpretações cria incentivos para que esta prática seja utilizada, de modo a esconder ganhos em períodos mais rentáveis e os apresentar em épocas menos rentáveis (MAYER; SANTOS, 2017). Sendo assim, o presente ensaio busca contribuir com a discussão sobre o income smoothing e a folga organizacional destas instituições, com a inclusão dos estágios do ciclo de vida como um dos determinantes no gerenciamento a partir dos accruals discricionários, bem como com o debate internacional sobre a gestão das cooperativas de crédito.